Pedro Amaral e Paulo Moura: conheça protagonistas negros que ajudaram a 'erguer' cidade no interior de SP

  • 20/11/2025
(Foto: Reprodução)
Região de Rio Preto celebra Dia da Consciência Negra com eventos e reflexão sobre racismo A história de São José do Rio Preto (SP) costuma ser contada a partir de alguns nomes, datas e marcos oficiais. Mas existe uma outra narrativa, tão verdadeira quanto, por vezes deixada de lado: a contribuição da população negra para que a cidade se tornasse o que é hoje. ✊🏿 O Dia da Consciência Negra é celebrado nesta quinta-feira (20). A data representa a luta por igualdade racial e pelo combate ao racismo. O fato de estar nos calendários oficiais é uma forma de dar mais visibilidade a personagens que foram protagonistas, mas que não aparecem nas histórias. 📲 Participe do canal do g1 Rio Preto e Araçatuba no WhatsApp Por isso, o g1 rememora a presença da população negra nas ruas, no trabalho, na organização cultural da cidade, quando ainda era um pequeno vilarejo. Colocadas lado a lado, as narrativas mostram que a trajetória de Rio Preto, fundada oficialmente em 19 de março de 1852 por João Bernardino de Seixas Ribeiro, não foi construída apenas por nomes estampados em placas ou estátuas. “Rio Preto foi uma cidade de imigrantes, os árabes chegaram aqui no final do século XIX, depois os italianos, por causa do café aqui. Mas a cidade foi praticamente, posso falar 50% feita com as mãos dos negros também”, comenta o historiador Fernando Marques. Em ordem da esquerda para a direita: Paulo Moura, Pedro Amaral, Aristides dos Santos e Laerte Cunha, figuras de Rio Preto (SP) Arquivo pessoal Entre os nomes que ajudam a resgatar a memória está o de Pedro Amaral, homem negro e figura central na transformação do povoado em cidade: participou da urbanização, ajudou a articular caminhos políticos e administrativos e teve papel importante no desenvolvimento de Rio Preto. O reconhecimento de Pedro Amaral, no entanto, só ganhou forças graças ao trabalho de outro personagem fundamental: Aristides dos Santos. Pesquisador e militante, Aristides se dedicou ao estudo da história local, registrou documentos e defendeu publicamente a importância de Pedro. Rio Preto (SP) também foi erguida por personagens negros Arquivo pessoal Aristides acreditava na educação, na cultura e na memória como instrumentos de transformação. Por isso, insistiu para que a figura fosse reconhecida politicamente, de modo a corrigir a distorção histórica. “Se hoje o Pedro Amaral é reconhecido como o primeiro prefeito da cidade, o único que tinha patente real de coronel, é graças ao Seu Aristides, porque foi ele que ficou na porta da Câmara durante décadas exigindo que a foto do Pedro Amaral contasse lá. Ele nunca desistiu de valorizar a pessoa afrodescendente”, comenta a antropóloga Niminon Suzel. 🎭 Arte, música e resistência Paulo Moura ajudou a projetar Rio Preto (SP) Reprodução/TV TEM A força da população negra em Rio Preto, porém, não se resume aos bastidores da política: se manifesta também na arte, na música e nos palcos. Um dos nomes que projetaram a cidade para o Brasil e para o mundo é o do clarinetista e saxofonista Paulo Moura, nascido no centro da cidade e reconhecido como um dos grandes gênios da música brasileira. “A música dele é negra, total. Paulo Moura não é só para Rio Preto a expressão da música, é a expressão da arte negra no Brasil, ele tem muito a ver com isso”, explica o historiador Fernando. A trajetória artística, marcada por inovação e excelência, mostrou como talentos negros da cidade ajudaram a construir não só a identidade da população, mas também a própria cultura. Nos palcos locais, outro nome se tornou símbolo de presença e resistência: Laerte Cunha. Ator, diretor e educador, ele foi o primeiro homem negro a ocupar o centro da cena no teatro. Em uma época em que o protagonismo era quase sempre reservado a atores brancos, Laerte rompeu barreiras, abriu portas e inspirou gerações de artistas a construir um teatro mais plural. A filha, Beta Cunha, segue o caminho do pai, mantendo viva a herança e reafirmando que o protagonismo negro não é favor, é direito. “Ele já tinha um olhar diferente do universo, do território em que ele vivia. Questionando a violência contra a mulher, com a questão racial que ele, meu avô, minhas tias e meus tios sofriam. É possível, sim, que a gente continue e só avance, na questão do não apagamento e de ocupar esses espaços a todo momento”, reflete Beta. Veja mais notícias da região em g1 Rio Preto e Araçatuba VÍDEOS: confira as reportagens da TV TEM

FONTE: https://g1.globo.com/sp/sao-jose-do-rio-preto-aracatuba/noticia/2025/11/20/pedro-amaral-e-paulo-moura-conheca-protagonistas-negros-que-ajudaram-a-erguer-cidade-no-interior-de-sp.ghtml


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