Mulher cria projeto social embaixo de uma árvore e transforma vidas há 30 anos no interior de SP

  • 05/12/2025
(Foto: Reprodução)
Conheça o Projeto Esperança Já faz algumas décadas que um ipê-amarelo faz parte da paisagem da rua Brasilina Moreira dos Santos, no Jardim Sônia Maria, em Taubaté (SP). Uma vez por ano, ele colore a rua com flores amarelas. Mas quem mora ali no bairro pode ver, diariamente, os frutos de um sonho que brotou embaixo dessa árvore há 30 anos. Voltemos a 1995. A paisagem da rua Brasilina Moreira dos Santos tinha o ipê-amarelo em uma esquina. Matilde Alves, então com 38 anos, enxergava não apenas a árvore. Via também a vulnerabilidade social das crianças do bairro. Essa visão a incomodava. E ela resolveu agir. Reuniu as crianças embaixo do ipê-amarelo para atividades lúdicas e deu início à transformação do local. Plantou ali a semente do Projeto Esperança. Trabalho voluntário: saiba o que é, como fazer e quais os benefícios Matilde Alves (de camisa verde) e crianças do Projeto Esperança; local tem um ipê pintado na parede para representar a árvore onde projeto começou Danilo Sardinha/g1 Hoje, quem passa pela rua enxerga o ipê-amarelo, mas também vê a sede do projeto. O espaço, construído muito próximo à árvore onde tudo começou, recebe cerca de 200 crianças e adolescentes de segunda a sexta-feira. São oferecidas diversas atividades no contra turno escolar, como aulas de música, balé e esportes, além de alimentação. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Vale do Paraíba e região no WhatsApp A semente plantada por Matilde cresceu tanto que o projeto também chegou em outros três bairros de Taubaté. Ao todo, são 350 crianças e adolescentes atendidos, com idades entre seis e 18 anos. Os olhos de Matilde Alves, agora com 68 anos, brilham ao ver que a paisagem - e principalmente a realidade - melhorou em comparação com 1995. Com orgulho, ela conta casos de crianças que passaram pelo projeto, cresceram e hoje retornam ao local para agradecer pela ajuda na transformação da vida delas. Crianças embaixo do ipê onde teve início o Projeto Esperança Imagem cedida/Projeto Esperança Nesta sexta-feira (5), Dia Internacional do Voluntário, Matilde é um exemplo de que é possível mudar a paisagem do meio onde vive, a realidade do bairro em que mora. Exemplo também que não é preciso muito para dar o primeiro passo. No caso dela, começou com um sonho e uma árvore como teto. "Você olha e fala assim: 'valeu a pena'. Em 30 anos como voluntária, não me arrependo de nada. Tudo feito com muito amor, com muita dedicação. O retorno que você tem disso, ele é uma coisa que é inexplicável", disse Matilde ao g1. Transformação social Matilde Alves nasceu em Taubaté e, desde pequena, olhou para o próximo. Filha mais velha da família, ajudava a mãe a cuidar dos irmãos menores. Virou catequista e, durante o trabalho religioso, passou a conhecer mais de perto a realidade das crianças do bairro Sônia Maria. Uma das funções dela como coordenadora de catequese era ir visitar a casa das crianças. A vulnerabilidade social das famílias não foi normalizada por Matilde, que quis fazer algo para melhorar essa realidade. Com um sonho em mente, convidou as crianças para se reunirem embaixo do ipê-amarelo. Ali, promovia atividades lúdicas para as crianças com o apoio de outras catequistas. "As crianças sentavam na guia da calçada. Colocamos ali um fogão, que era oferecido pela igreja, o comércio do bairro doava pó de café, doava pão, e as crianças iam para o campo de futebol. Passavam a manhã toda jogando bola conosco. Foi acontecendo o fortalecimento de vínculo. Nisso, conseguimos o espaço para um salão comunitário", contou Matilde. Imagem dos primeiros anos do Projeto Esperança Imagem cedida/Projeto Esperança A sede do projeto foi construída com a ajuda da comunidade e inaugurada em 1997. No início dos anos 2000, o Projeto Esperança foi regulamentado e passou a receber apoio do setor público e privado. Inicialmente, o trabalho era mantido somente com a força do voluntariado. Hoje, o projeto tem voluntários e trabalhadores contratados. O projeto Esperança, embora tenha começado com as catequistas da igreja católica, não tem vínculo religioso ou político partidário. Por meio do acolhimento, das atividades culturais, esportivas e educacionais, o trabalho visa promover a transformação social. As crianças e adolescentes precisam estar matriculadas na escola para participarem. Matilde Alves e crianças do Projeto Esperança Danilo Sardinha/g1 O projeto tem parceria com a Prefeitura de Taubaté. Nos três outros bairros (Água Quente, Santa Teresa e Parque Sabará), as atividades ocorrem dentro das salas do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), que pertencem à administração municipal. "É um sonho que já vem se tornando realidade. Debaixo do pé de ipê, era um sonho. Hoje, não. Existe o concreto acontecendo", destacou Matilde. "Espero que elas tenham qualidade de vida, dignidade e que tenham perspectiva de dias melhores, porque já tem uma vida difícil, já é complicado. Você não pode perder a esperança, porque se você perdeu, então de que valeu? E eu acredito nisso. Uma grande coisa que eu posso até estar garantindo, é fato, faz a diferença no lugar que você está vivendo", acrescentou. Crianças jogam futebol no Projeto Esperança Danilo Sardinha/g1 Incentivo ao voluntariado Matilde, enquanto era voluntária do Projeto Esperança, também foi conselheira tutelar por 24 anos. Em 2011, com 54 anos, iniciou a graduação em serviço social e concluiu o curso quatro anos depois. Neste ano, ela completa 30 anos voluntariando no projeto que fundou. O Projeto Esperança é aberto para pessoas que desejam ser voluntárias. Matilde explica que os interessados podem oferecer o que se sentem melhor em fazer. Por exemplo: alguém que gosta de lidar com crianças, pode auxiliar nas atividades. Quem tem algum conhecimento ou habilidade para compartilhar, pode oferecer ao projeto. Matilde Alves e crianças do Projeto Esperança Danilo Sardinha/g1 Mas Matilde ressalta a importância do compromisso com o trabalho voluntário. Ou seja, é preciso ter constância no que a pessoa se propõe a fazer. Quem não pode ajudar com tempo, pode colaborar com doações ou participando dos eventos que são realizados para manter o trabalho. "Para ser essa pessoa realizada como eu sou hoje, foi graças ao trabalho de voluntária. Eu indico para qualquer pessoa e falo o bem que faz. A lei do retorno ela é tão justa que você acaba recebendo uma paz interior muito grande que dá para espalhar", destacou. "Eu acredito que dias melhores virão. Todo dia, eu imagino que hoje será melhor do que ontem. Eu creio na humanidade, eu acredito que pode ser diferente, desde que mais pessoas se envolvam nessa corrente do bem. A gente é um grãozinho de areia no oceano. Mas, pera aí. É tão pouco o que eu estou fazendo? Mas esse pouco faz a diferença na vida de muitos", completou Matilde. Matilde Alves, fundadora do Projeto Esperança, em Taubaté Danilo Sardinha/g1 Veja mais sobre o Vale do Paraíba e região bragantina

FONTE: https://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2025/12/05/mulher-cria-projeto-social-embaixo-de-uma-arvore-e-transforma-vidas-ha-30-anos-no-interior-de-sp.ghtml


#Compartilhe

Aplicativos


Locutor no Ar

Peça Sua Música

Para Falar conosco ou Anunciar 19 994319628

Anunciantes