Maçonaria: como é um encontro a portas fechadas de uma das mais antigas e discretas fraternidades do mundo

  • 02/12/2025
(Foto: Reprodução)
Maçonaria: conheça símbolos e filosofia de uma das mais antigas fraternidades do mundo A maçonaria é uma das mais antigas e discretas fraternidades do mundo. Apesar do mistério que a envolve, o g1 teve acesso ao interior de uma loja maçônica e conversou com seus membros para entender tradições, símbolos e filosofia. Nesta reportagem, você vai ler: Rito e elevação ao grau 33 Como é um templo maçônico por dentro? Como entrar para a maçonaria? O que acontece a portas fechadas? Sua origem remonta a mais de 300 anos e, mesmo assim, muitos de seus rituais ainda são pouco conhecidos. Entre seus antigos membros estão nomes notáveis da sociedade que fizeram jus aos lemas da maçonaria: ciência, justiça e trabalho. 📲 Participe do canal do g1 Bauru e Marília no WhatsApp Loja maçônica Arquitetos de Ormuzd, em Bauru (SP), durante elevação inédita ao grau 33 Rito Escoces Brasil/Reprodução No mundo, filósofos como Voltaire, músicos como Mozart e Beethoven, e figuras históricas como Napoleão e Garibaldi fazem parte da lista de personagens ligados à fraternidade. No Brasil, Dom Pedro I, Luís Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias), Deodoro da Fonseca, Washington Luís e o músico Luiz Gonzaga também foram maçons. Em Bauru, personalidades conhecidas da região tiveram seus nomes associados à maçonaria, como Azarias Leite, Gerson França e Carlos Marques. Esses nomes estão ligados à fundação da Loja Arquitetos de Ormuzd, uma das mais antigas do interior de São Paulo e do Brasil. A origem da loja é anterior à própria criação da cidade. Dois meses antes de 1º de agosto de 1896, quando Bauru foi oficialmente fundada, a loja maçônica já existia, tendo sido criada em 1º de junho. Segundo seus membros, as reuniões aconteciam desde 1894. Rito e elevação ao grau 33 São vários os ritos maçônicos, que se dividem em graus. No sábado, 22 de novembro, a Loja Arquitetos de Ormuzd de Bauru recebeu a elevação de alguns membros ao grau 33. Pela primeira vez, essa elevação ao grau máximo aconteceu fora de uma capital do Brasil, com a presença do Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho do Brasil do Grau 33 para o Rito Escocês Antigo e Aceito, Antônio Carlos Barbosa Ramos. Grande Comendador do Supremo Conselho do Brasil, Antônio Carlos Barbosa Ramos, durante elevação de grau maçônico em Bauru (SP) Rito Escoces Brasil/Reprodução O g1 foi convidado a conhecer o templo maçônico Arquitetos de Ormuzd e a conversar com o soberano comendador, uma das autoridades máximas do rito escocês no Brasil. Confira a entrevista g1: O que significa chegar à elevação do nível 33 na maçonaria? Comendador Antônio Carlos: É algo muito importante. É atingir o ápice da pirâmide, o clímax do conhecimento humano através da prática das virtudes e do conhecimento da trajetória da humanidade. O maçom de grau 33 conhece os registros de por onde a humanidade passou para que possa, além de servir de exemplo com suas atitudes, servir procurando o bem e evitando o mal. g1: E quais são as virtudes esperadas em um irmão maçom para chegar nesse grau 33? Comendador Antônio Carlos: Principalmente o bom senso e a tendência para a prática do bem, sempre alicerçados nos conhecimentos e no louvor a Deus. g1: Essa elevação ao grau 33 normalmente acontece no Rio de Janeiro, onde fica a sede maior. Por que isso está acontecendo hoje aqui em Bauru, no interior de São Paulo? Comendador Antônio Carlos: Muito simples: o Santo Império, que é o órgão que administra o Supremo Conselho do Brasil, chegou à conclusão de que deveríamos ir até os irmãos. Assim, eles têm a oportunidade de discutir, trocar informações e pensamentos, para que possam agir com uma conduta sadia e construtora para o bem geral, e principalmente da maçonaria. Então, nós descentralizamos o poder central para cada cidade onde estamos trabalhando pelo bem-estar social. g1: Sobre essas ações para chegar ao bem-estar social, o senhor poderia dar um exemplo de qual é essa relação da maçonaria com a sociedade externa? Comendador Antônio Carlos: A integração é perfeita, porque o maçom tem a tendência de influir na atitude da própria sociedade. Se eu fizer o possível para melhorar a minha comunidade, a rua onde moro, a cidade que habito e o país onde estou, nós iremos fugir desse caos em que estão transformando o nosso país — e, tenho certeza, o mundo também. Buscamos influenciar positivamente para que um respeite o outro e a reciprocidade eleve cada vez mais a criatura diante do seu Criador, diante do seu par, diante daquele que está na mesma empreitada, que é o bem-estar geral. g1: Existem muitos preconceitos que a sociedade traz de fora para a maçonaria. O que a maçonaria está fazendo ultimamente para tentar quebrá-los? Comendador Antônio Carlos: Isso chega a ser até engraçado. É da natureza do homem despreparado tecer comentários sobre o que desconhece. Veja o grau de ignorância: como vou tecer comentários sobre o que eu desconheço? Fora da maçonaria, ninguém a conhece de fato. g1: E o que a maçonaria pode fazer para eles não continuarem dessa forma? Comendador Antônio Carlos: Nada. Não deve fazer nada. Porque a maçonaria vive, sobrevive e nasceu justamente dos homens de bons costumes. E um dos bons costumes é não falar bobagem, é não tentar apedrejar aquilo que não se conhece. Eu afirmo: fora dos princípios da maçonaria, não existe nada sério. Fora dos princípios adotados pela maçonaria desde que ela nasceu, não existe seriedade — e é por isso que o ser humano está desse jeito. Mas lutamos denodadamente para não ficar contaminados por essa onda de insanidade que avassala o nosso planeta, não só o Brasil. Somos atacados, claro, mas vemos isso com bons olhos, porque ninguém joga pedra em árvore que não dá fruto. Nós queremos uma sociedade mais justa, mais igualitária e mais perfeita. É só isso que a maçonaria quer. O que falam não é o que somos. O que somos é muito mais profundo do que pensam. Como é um templo maçônico por dentro? O g1 também conversou com Márcio Augusto Uchida delegado litúrgico da região de Bauru, que apresentou o templo maçônico da Loja Arquitetos de Ormuzd à reportagem. As lojas maçônicas podem ser reconhecidas por suas fachadas com o símbolo maçom, composto por um compasso e um esquadro, que remetem à origem da maçonaria ligada a construtores que se reuniam para trocar conhecimentos. Loja Maçônica Arquitetos e Ormuzd em Bauru (SP) Reprodução/Grande Oriente do Brasil Assim também é a loja maçônica de Bauru. Os irmãos, como se reconhecem os membros, se reúnem com roupas sociais e cordialidade ao tratar uns com os outros. Dentro do templo, a cor azul prevalece, junto a várias simbologias. Triângulos, colunas e uma corda com nós circundam as quatro paredes. "Nós temos as colunas, que são as colunas zodiacais; cada uma possui um símbolo do zodíaco e tem um simbolismo específico dentro da maçonaria. Temos também, circulando todo o templo, esse símbolo que é a corda. Nós a chamamos de Corda de 81 Nós. O simbolismo dessa corda é a união entre todos os irmãos. E o nó central, que fica acima do nosso altar, simboliza o Grande Arquiteto do Universo", explicou Márcio ao g1. Laços simbolizam união entre os irmãos maçônicos em templo de Bauru (SP) Paulo Piassi/g1 O delegado também explica que o termo "templo" está relacionado à contemplação do Grande Arquiteto do Universo, referência a Deus, respeitando a crença de cada membro, independentemente da religião. A maçonaria não é uma religião, segundo seus membros, mas é religiosa, pois reconhece a existência de um único princípio criador, regulador, absoluto e supremo, ao qual se dá o nome de Grande Arquiteto do Universo. Como entrar para a maçonaria? Para entrar na maçonaria, é preciso que o novo membro seja crente em Deus e indicado por um irmão já pertencente à irmandade. Não são aceitas mulheres; também não há maçonaria feminina, mas existe a organização DeMolay, que reúne filhos de maçons menores de 18 anos. Apesar de não receber mulheres, Márcio explica que um homem só entra para a maçonaria com o aval de uma mulher. Se é solteiro, sua mãe precisa confirmar a permissão; se é casado, essa função fica a cargo da esposa. "A maçonaria, antes de mais nada, preza muito pela família. Se, nessa entrevista inicial, a mulher disser que não quer que ele entre — seja por não gostar, por algum preconceito ou motivo religioso — o processo é automaticamente interrompido e essa pessoa não entra", conta. Irmãos da maçonaria em Bauru (SP) Reprodução/Rito Escoces Brasil O que acontece a portas fechadas? Os templos podem ser visitados, mas as reuniões, não, por isso a classificação da maçonaria como uma sociedade discreta e, não, secreta. Há conhecimento de que ela existe, quem são seus membros, mas, não, do conteúdo de suas sessões. "As sessões maçônicas são fechadas. Só os maçons podem entrar e frequentar o templo durante a sessão. Porém, em algumas ocasiões — principalmente nas chamadas Sessões Brancas, que são sessões de homenagem a autoridades ou políticos — o espaço é aberto. É lógico que, nessas ocasiões, muitos símbolos não são passados ou falados", explica o delegado. Irmãos da maçonaria após elevação ao grau 33 em Bauru (SP). Márcio Augusto Cuxida ao centro Reprodução/Rito Escoces Brasil Segundo Márcio, são símbolos de comunicação e, principalmente, de reconhecimento entre os maçons. "Por exemplo, se eu sair aqui da cidade de Bauru e for para outro estado ou outro país, é através desses símbolos que nos reconhecemos e somos recebidos pelos outros maçons", finaliza o delegado. Veja mais notícias da região no g1 Bauru e Marília VÍDEOS: assista às reportagens da região

FONTE: https://g1.globo.com/sp/bauru-marilia/noticia/2025/12/02/maconaria-como-e-um-encontro-a-portas-fechadas-de-uma-das-mais-antigas-e-discretas-fraternidades-do-mundo.ghtml


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