Lobistas, doleiros e políticos: quem é quem no esquema de fraude em licitações de materiais escolares no interior de SP

  • 12/11/2025
Vice-prefeito de Hortolândia é preso em operação da PF contra fraudes em licitações O processo judicial que resultou na operação Coffee Break, da Polícia Federal, nesta terça-feira (12), indica que o esquema de fraudes em licitações de material escolar em prefeituras do estado de São Paulo envolvia, além de autoridades municipais, empresários, doleiros e lobistas. Cinco pessoas foram presas, entre elas, o vice-prefeito de Hortolândia, Cafu César (PSB). ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Campinas no WhatsApp Segundo a PF, alguns dos investigados alegavam ter influência no governo federal, dentre eles, Carla Ariane Trindade, ex-nora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e Kalil Bittar, ex-sócio de outro filho do petista. Entenda a seguir como funcionava o esquema e o papel de cada um dos suspeitos segundo a investigação da PF e da Controladoria-Geral da União (CGU). ➡️Operação Coffee Break 50 mandados de busca e apreensão 6 mandados de prisão preventiva 5 pessoas presas 24 pessoas são alvos dos mandados 4 prefeituras ligadas à maior parte dos desvios: Sumaré, Hortolândia, Limeira e Morungaba O nome coffee break se dá porque os suspeitos chamavam a propina de "café" O esquema Segundo a investigação, a organização criminosa usava lobistas para intermediar contatos entre a Life Tecnologia Educacional, empresa usada no esquema, e o poder público. chat O dinheiro arrecadado era lavado por meio da ação de doleiros que geravam o montante em espécie para repassar propinas aos envolvidos nas etapas anteriores. Segundo a PF, a Life registrou uma entrada de R$ 128 milhões, por meio de mais de 305 transferências, sendo quase todas provenientes de prefeituras. Quem é quem no esquema Da esquerda para a direita: Cafu Cesar, vice-prefeito de Hortolândia; André Mariano, líder da Life Tecnologia Educacional; e Carla Ariane Trindade, ex-nora de Lula. Reprodução/ Redes Sociais, Polícia Federal e Portal On André Gonçalves Mariano: é apontado como o líder da organização criminosa, proprietário da empresa Life Tecnologia Educacional, responsável por gerar lucro ilícito por meio de licitações superfaturadas, lavar o dinheiro e coordenar o pagamento de vantagens indevidas a agentes públicos e intermediadores políticos. Segundo a PF, ele recebeu mais de R$ 16 milhões diretamente em sua conta pessoal. Mariano foi preso preventivamente na operação desta quarta (12). O empresário já tinha sido condenado em 2024 pela Justiça Federal por crime de fraude em uma licitação e, inicialmente, teria que cumprir dois anos de detenção em regime aberto, que foram substituídos por prestação de serviços à comunidade ou entidade pública, além do pagamento de multa. Carlos Augusto Cesar, o "Cafu": é vice-prefeito e secretário de Governo de Hortolândia, investigado por atuar ativamente no direcionamento de licitações do município e liberação de pagamentos para a Life em troca de vantagens indevidas. A investigação aponta indícios de que ele teria recebido (por meio de terceiros) pelo menos R$ 2,4 milhões. Ele foi preso preventivamente nesta quarta. Quem é Cafu Cesar, vice-prefeito de Hortolândia preso em operação da PF contra fraudes em licitações Fernando Gomes de Moraes: é o secretário municipal de Educação de Hortolândia (SP), acusado de assinar atas de registro de preços, direcionar licitações e agilizar pagamentos da Life em troca de propina. Foi preso preventivamente na operação desta quarta (12). José Aparecido Ribeiro Marin: é ex-secretário municipal de Educação de Sumaré, apontado como o principal parceiro de André Mariano na cidade, responsável por direcionar licitações e liberar pagamentos em troca de propina. Ele foi alvo de mandado de prisão, não cumprido. Carla Ariane Trindade: foi casada com Marcos Cláudio Lula da Silva, filho adotado por Lula. É mãe de neto do atual presidente. Carla foi alvo de busca e apreensão nesta quarta (12). Segundo a Polícia Federal, ela integra o núcleo político da organização criminosa, atuando como lobista e intermediária para a empresa Life Tecnologia Educacional, defendendo seus interesses junto a órgãos públicos federais — especialmente o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) — e municipais. É citada na investigação com as alcunhas de "Nora" e "amiga de Paulínia". Kalil Bittar: é ex-sócio de filho de Lula (Fábio Luís Lula da Silva) e apontado como intermediador político e "lobista", sendo considerado pela PF como figura de "grande importância e participação no sucesso empresarial da Life". Ele teria recebido pagamentos diretos e "mesada" de André Mariano, além de um carro de luxo da marca BMW, doado também por Mariano. Ele foi alvo de busca e apreensão em Brasília nesta quarta. Kalil foi visto em uma comitiva brasileira em viagem oficial à China, acompanhando o Vice-Presidente da República, embora não possuísse "qualquer vínculo formal" com órgãos públicos. Segundo a PF, a finalidade era patrocinar os interesses privados de Andre Mariano junto aos órgãos públicos. Eduardo Maculan: foi identificado como "doleiro" que atuava com Claudia Terumi na conversão de transferências da Life em dinheiro em espécie, utilizando empresas e métodos como pagamento de boletos fracionados. Suas empresas teriam recebido mais de R$ 9 milhões da Life. Ele foi preso preventivamente nesta quarta. Abdalla Ahmad Fares: também identificado como "doleiro" e proprietário de diversas empresas, ele é responsável por converter recursos da Life em dinheiro em espécie para André Mariano fazer o pagamento de vantagens indevidas a agentes públicos e lobistas. Ele foi preso preventivamente nesta quarta. Rogério Mion: é Secretário Municipal de Habitação de Hortolândia e foi alvo de busca e apreensão. Marcia Cristina Tognete: é diretora do Centro de Formação de Educadores Municipais de Sumaré e teria recebido R$ 187 mil dividido em 42 transações indevidamente a partir de outubro de 2021. Foi alvo de busca e apreensão. Alejandro Vladimir Bermejo Ângulo Junior: professor de Sumaré que assinou documento que desqualificou uma empresa concorrente da Life, em processo de licitação. Foi alvo de busca e apreensão. Marcus Ricardo Gonçalves: é professor de Sumaré que assinou documento que desqualificou uma empresa concorrente da Life, em troca de R$ 24 mil. Foi alvo de busca e apreensão. Clovis Adriano Viana: é professor de Sumaré que assinou documento que desqualificou uma empresa concorrente da Life, em troca de R$ 14 mil segundo a investigação. Foi alvo de busca e apreensão. Claudia Terumi Okumura Rodrigues: parceira de Eduardo Maculan na atividade de doleira, foi alvo de busca e apreensão. Mercilio dos Santos Yamassita: foi identificado como um operador financeiro responsável por intermediar a conversão de transferências bancárias em dinheiro vivo para Mariano, e lavar dinheiro a partir de empresas de fachada como a Les Barons. Foi alvo de busca e apreensão. Paulo de Matos Junior: envolvido na lavagem de dinheiro via criptoativos. Foi alvo de busca e apreensão. Péricles Santos Gomes: sócio da empresa de fachada Les Barons, utilizada como "banco clandestino". Foi alvo de busca e apreensão. Paulo Marcos Borges dos Santos: é apontado como lobista com acesso a ministérios e parlamentares. Foi alvo de busca e apreensão. Serafim José de Oliveira Junior: teria atuado pontualmente como doleiro auxiliando no esquema de lavagem de dinheiro. Foi alvo de busca e apreensão. Gustavo Adolfo Morceli Rodrigues: fornecedor que contribuiu para o superfaturamento e parceiro empresarial de André Mariano. Há indícios de lavagem de dinheiro a partir de empresas controladas por Gustavo. Foi alvo de busca e apreensão. João Raphael de Oliveira Lima Knack: teria indicado doleiros para André Mariano. Foi alvo de busca e apreensão. Cristian Bergue Cesar: é filho Carlos Augusto Cesar, o "Cafu", vice-prefeito e secretário de Governo de Hortolândia preso nesta quarta suspeito de auxiliar na lavagem de propinas. Foi alvo de busca e apreensão. Magno Romero Rabelo Mota: envolvido no lobby em Brasília. Esteve presente em uma reunião da Life no FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), atuando como um dos representantes da empresa. Foi alvo de busca e apreensão. Daniel Lancaster Gonçalves Grassano de Moraes: teria oferecido serviço de lavagem de dinheiro por meio da empresa Metrópole Soluções Ltda. O que dizem os envolvidos A prefeitura de Hortolândia disse que aguarda o acesso às informações da denúncia para avaliar quais medidas serão adotadas. A defesa do vice-prefeito de Hortolândia, Cafú Cesar, informou que assim qeu finalizar a análise do inquérito irá ingressar com as medidas para a reversão da prisão preventiva. Mario Botion, que era prefeito na época das irregularidades, informou que, durante sua gestão, a licitação junto à empresa Life Educacional foi regular e transparente e que está à disposição para esclarecimento. Já a atual administração da prefeitura disse que não renovou o contrato com a empresa, nem fez qualquer pagamento à Life neste ano. A empresa Life Educacional, principal alvo da investigação, apenas informou que não vai se pronunciar. A defesa de Abdalla Ahmad Fares disse que ainda não teve acesso aos autos e que a investigação vai provar a inocência do empresário. O g1 pediu posicionamento a todos os envolvidos e até a publicação desta reportagem não teve retorno dos demais. VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias sobre a região no g1 Campinas

FONTE: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2025/11/12/lobistas-doleiros-e-politicos-quem-e-quem-no-esquema-de-fraude-em-licitacoes-de-materiais-escolares-no-interior-de-sp.ghtml


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