Há 36 anos vivendo com HIV, idoso reforça importância do Dezembro Vermelho: 'Continuo na luta'

  • 12/12/2025
(Foto: Reprodução)
Morador de Prudente, Edison Bezerra da Silva vive com HIV/Aids há mais de 30 anos Edison Bezerra da Silva/Arquivo pessoal Há 36 anos vivendo com HIV, Edison Bezerra da Silva, de 66 anos, reforça a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. Morador de Presidente Prudente (SP), ele descobriu o vírus em 1989, quando ainda não havia medicamentos disponíveis no país. Na época, Edison vivia em Londrina (PR), onde atuava como ativista em movimentos sociais. "Eu fiquei chocado, mas não tanto, porque já tinha perdido tantos amigos queridos. A gente foi levando… e esperei o medicamento", relembra. 📲 Participe do canal do g1 Presidente Prudente e Região no WhatsApp Veja os vídeos que estão em alta no g1 Ele conta que raramente ficava doente antes do diagnóstico e que o enfrentamento à doença passou a fazer parte da rotina. Edison voltou a morar na capital do oeste paulista em 2012 e continua acompanhando de perto campanhas de conscientização. O Dezembro Vermelho é a campanha nacional de prevenção ao HIV, à Aids e a outras Infecções Sexualmente Transmissíveis, instituída pela Lei 13.504/2017. O objetivo é reforçar informação, prevenção, testagem e assistência às pessoas vivendo com o vírus. Em Presidente Prudente, 1,4 mil pacientes vivem com HIV ou Aids e são acompanhados pelas equipes de saúde. Apenas em 2025, 87 novos pacientes passaram a receber atendimento. O município também monitora mais de 300 pessoas em uso de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), segundo o coordenador do programa IST/Aids, Jeferson Saviolo. Desde 1996, o Ministério da Saúde distribui gratuitamente medicamentos antirretrovirais pelo SUS. Desde 2013, o tratamento é garantido a todas as pessoas vivendo com HIV, independentemente da carga viral. Teste gratuito de HIV em Presidente Prudente (SP) Marcos Sanches/Secom Luta por direitos Edison perdeu para a doença um amigo que considerava como irmão. E, a partir disso, despertou nele o desejo de lutar pelo direito de pessoas com HIV e LGBTQIAPN+. "Você perder um amigo que você escolheu para ser seu irmão deixa você meio triste com tudo da vida. Foi quando eu resolvi entrar mais na causa, ser um ativista, lutar pelos direitos, pelos nossos direitos, porque, na época da doença, ela era uma 'peste gay', parecia que só gays tinham essa doença." Após o início do oferecimento dos remédios pelo SUS, a situação foi melhorando, mas ainda fica o alerta da conscientização para o idoso. "Ainda continuo na luta, porque o preservativo ainda é o melhor medicamento." Dezembro Vermelho Reprodução/Freepik Ao longo dos anos, Edison desenvolveu alguns problemas de saúde, como questões pulmonares e dores nas pernas, o que ele associa ao tempo de terapia. Mesmo assim, reforça que o tratamento foi decisivo para mantê-lo vivo e saudável. Para ele, esse debate reforça a importância da prevenção, especialmente entre pessoas mais velhas. "Um homem de 50, 60 anos é difícil entender que precisa usar preservativo, se passou a vida inteira sem usar", diz. Edison defende políticas públicas mais ativas voltadas ao público idoso, já que muitas pessoas nessa faixa etária também fazem acompanhamento nos centros de referência. Com o vírus inativo, ele poderia ter relações sem camisinha sem risco de transmissão, mas mantém o uso. "Prevenção não é só sobre HIV, é sobre outras infecções também. E ficaria até esquisito eu falar tanto de prevenção e não praticar." Ativismo Após voltar a morar em Presidente Prudente, há mais de dez anos, Edison deixou o ativismo em segundo plano para cuidar dos pais. A mãe tem 84 anos e o pai morreu aos 90, em março deste ano. Ele lembra, porém, do período em que era ainda mais atuante. No início dos anos 2000, em Londrina, fundou uma ONG voltada ao apoio de pessoas vulneráveis. "Fui reconhecido pelo Brasil inteiro, viajei muito, lutei pelos direitos do público LGBT. Tivemos a primeira casa de vivência para travestis doentes, aquelas que a família não queria", conta. Com o retorno de Edison a Prudente, o projeto perdeu força e acabou encerrando as atividades anos depois. "Fiquei muito triste quando soube, era um trabalho bonito. Vi pessoas deixando a prostituição como única renda e seguindo para outras áreas. Também diminuímos a infecção por HIV entre nosso público", afirma. Em 2019, Edison participou do documentário "Meu amor, Londrina é trans e travesti", que reúne relatos sobre a trajetória dele e o apoio a pessoas trans na cidade. O filme está disponível gratuitamente no YouTube. Em 2019, Edison até participou de um documentário chamado 'Meu amor, Londrina é trans e travesti' Reprodução/YouTube Atendimentos em Prudente O ambulatório de IST/Aids de Presidente Prudente conta com uma equipe multidisciplinar, formada por psicólogo, farmacêutico, assistente social, dentista, médico infectologista e enfermeiro. O objetivo é oferecer acolhimento humanizado aos pacientes, explica o coordenador do programa, Jeferson Saviolo. Segundo ele, os antirretrovirais seguem a padronização do Ministério da Saúde. O estado complementa com outros medicamentos destinados às ISTs e o município também faz suplementações quando necessário. Nas últimas três semanas, o programa intensificou ações de testagem e orientação em pontos de grande circulação da cidade. O trabalho, porém, é contínuo no próprio ambulatório SAE/CTA. A testagem funciona de segunda a quinta-feira, o dia todo, e às sextas-feiras, no período da manhã. Em vésperas de feriado, o atendimento também ocorre apenas pela manhã. O Programa IST/Aids atende moradores de toda a região do oeste paulista no Centro de Testagem e Acolhimento (SAE/CTA), que fica na Avenida Coronel José Soares Marcondes, próximo ao número 2.380, em frente ao Hospital de Esperança. Veja mais notícias no g1 Presidente Prudente e Região VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM

FONTE: https://g1.globo.com/sp/presidente-prudente-e-regiao/noticia/2025/12/12/ha-36-anos-vivendo-com-hiv-idoso-reforca-importancia-do-dezembro-vermelho-continuo-na-luta.ghtml


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