Asilos clandestinos: como estão as investigações das denúncias de maus-tratos contra idosos em Ribeirão Preto

  • 16/11/2025
Asilos clandestinos: polícia quer saber se idosos foram forçados a ficar internados Duas semanas após o Ministério Público fechar três asilos clandestinos gerenciados por Eva Maria de Lima, presa por suspeita de maus-tratos em Ribeirão Preto (SP), as investigações seguem na Polícia Civil não só para consolidar as denúncias contra a responsável pelas casas de repouso, como também para verificar se outras pessoas podem ser responsabilizadas. De acordo com o delegado Haroldo Chaud, ainda não é possível afirmar, mas os depoimentos e documentos a serem obtidos podem levar à investigação contra familiares, caso fique evidente de que alguns deles sabiam das condições a que os idosos eram submetidos. Ele também se disse surpreso com a precariedade das clínicas. "Quem vê as imagens vai ver que aquilo era um depósito de idosos, não apresentava a menor condição técnica, nem de limpeza, de abrigar qualquer ser humano", diz. ✅Clique aqui para seguir o canal do g1 Ribeirão e Franca no WhatsApp Ao todo, 36 pacientes foram resgatados das unidades do Meu Doce Lar, mantidas por Eva, no dia 2 de novembro. Sete deles estavam em uma casa no bairro Parque Ribeirão, na zona Oeste da cidade, e foram encaminhados a unidades de saúde, onde foram internados. Idoso resgatado em asilo clandestino em Ribeirão Preto (SP). Reprodução/EPTV As instituições se tornaram alvos de uma investigação envolvendo o Ministério Público, a Vigilância Sanitária, as secretarias de Assistência Social e Saúde e a Polícia Civil em abril deste ano. A suspeita é de que os idosos sofriam maus-tratos e viviam em ambientes sem higiene e alimentação adequada. A mensalidade cobrada das famílias era de R$ 2,5 mil. Eva nega todas as acusações. Os outros estabelecimentos funcionavam na Vila Seixas e no Alto da Boa Vista. Todas as unidades, que acabaram fechadas, estavam interditadas por determinação da Justiça, mas Eva descumpria as liminares repetidamente e mantinha as casas abertas, inclusive, para novos moradores. Parte dos idosos acabou acolhida por familiares e outra parte por uma instituição filantrópica na zona norte da cidade. A seguir, entende como estão as investigações da Polícia Civil sobre os asilos clandestinos: O que os familiares disseram em depoimento? O delegado explica que, até o momento, apenas familiares das vítimas, além da investigada, foram ouvidos. Eles disseram que ficaram espantados com o que viram e que não sabiam das condições precárias em que os idosos viviam. "Eles se disseram surpreendidos com o estado que a clínica atendia os idosos, ou seja, muito precário, com muita sujeira, sem qualquer condição", afirma. A sobrinha de um idoso, entrevistada pela EPTV, afiliada da TV Globo, disse na última semana que, antes da operação, as famílias não tinham acesso aos quartos dos idosos e que ficavam apenas em locais determinados pela direção, além de terem que marcar com antecedência as visitas. Como os idosos serão ouvidos? Chaud explica que ainda não possível ouvir os idosos, principalmente por conta de limitações de saúde deles. "Temos essa dificuldade, posto que, além de idosas, as vítimas muitas vezes sofrem de comorbidades, de Alzheimer, por exemplo", afirma. LEIA TAMBÉM Roupas e remédios são descartados em frente a asilo clandestino fechado por suspeita de maus-tratos em SP 'Não tinha acesso a quartos': sobrinha de idoso resgatado relata que asilo clandestino controlava visitas para mascarar problemas Resgatados de asilos clandestinos em Ribeirão Preto, idosos ganham novo acolhimento: 'Não estavam saudáveis', diz enfermeira 'Eram depósitos de idosos', diz promotor sobre asilos clandestinos em Ribeirão Preto Idosos amarrados, fraldas limitadas e mensalidade de R$ 2,5 mil: o que se sabe sobre asilos clandestinos no interior de SP Por isso, segundo o delegado, a Polícia Civil tenta com a Secretaria Municipal de Saúde viabilizar esses depoimentos com ao menos uma parte dessas pessoas que possam falar. "A gente aguarda que a Secretaria de Saúde selecione, ao menos por amostragem, aqueles idosos que tenham condições de saúde, que a saúde é a prioridade, para que possam ser ouvidos. Nós pretendemos, nos próximos dias, executar essa tarefa." O que a Polícia Civil tenta descobrir com esses depoimentos? Um dos principais pontos que a Polícia Civil tenta descobrir é se os idosos foram internados nesses asilos de maneira voluntária ou se foram forçados a permanecer lá. "Isso pode gerar outro inquérito, uma investigação, tendo como foco quem forçou a internação do idoso nessas casas de repouso." O que se sabe sobre asilos clandestinos que funcionavam em Ribeirão Preto, SP Em que casos os familiares dos idosos podem ser responsabilizados? O delegado afirma que ainda é cedo para afirmar se houve internação forçada, mas familiares poderão também ser investigados, caso haja indícios de que essas pessoas foram coagidas a permanecerem nesses asilos. "Por enquanto, não nos deparamos com nenhum caso concreto, até porque não conseguimos acesso às vítimas." A Polícia Civil também confirmou que ainda tenta localizar familiares que, mesmo após tentativas de contato das autoridades municipais, não foram encontrados após a operação nos asilos. "Infelizmente, o cadastro desses idosos era feito de forma muito precária, sem precisão, então agora nós estamos, através de nossas ferramentas policiais e rede aberta, tentando localizar eventuais parentes desses idosos." Banheiro de asilo clandestino fechado por suspeita de maus-tratos em Ribeirão Preto (SP). Reprodução/EPTV O que a responsável pelos asilos disse em depoimento? Presa preventivamente, Eva já foi levada a prestar depoimento, mas preferiu não falar sobre as denúncias. "Ela foi autuada em flagrante quando, dos fatos, e ela já respondia a inquéritos policiais, então, ela negar que tinha ciência do que fazia era errado seria mentiroso, porque já recebeu multas, inclusive, ela realmente insistia no crime. Ela foi interrogada no plantão, mas optou por permanecer em silêncio, direito constitucional." Eva Maria de Lima, dona das casas clandestinas para idosos em Ribeirão Preto, SP Reprodução/EPTV Por qual crime a responsável pelos asilos deve responder? Eva deve responder por um crime previsto no artigo 99 do Estatuto do Idoso, que trata de maus-tratos contra idosos. A redação define a prática de "expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psíquica, da pessoa idosa, submetendo-a a condições desumanas ou degradantes ou privando-a de alimentos e cuidados indispensáveis, quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado." Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca

FONTE: https://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2025/11/16/asilos-clandestinos-como-estao-as-investigacoes-contra-as-denuncias-de-maus-tratos-em-ribeirao-preto.ghtml


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